Em
ofício, entidade argumenta que descontos na conta de energia elétrica impactarão
diretamente nos custos da empresa e devem ser repassados ao
consumidor
O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson
Campagnolo, entregou ao presidente da Sanepar, Antonio Hallage, nesta
quinta-feira (14), um ofício em que a entidade pede a revisão das tarifas de
água e esgoto no Estado. O documento tem como principal argumento o fato de que
a Sanepar será uma das maiores beneficiadas com os descontos de até 30% que
estão sendo aplicados nas tarifas de energia elétrica a partir deste
mês.
Campagnolo explica que o pedido da Fiep parte do princípio de que a
Sanepar é hoje a maior consumidora de energia do Paraná. Atualmente, a energia
tem uma participação de cerca de 22% na constituição dos Custos sobre Produtos e
Serviços Vendidos (CPV) da Sanepar. Pelos cálculos da Federação, um desconto de
30% na tarifa da eletricidade resultaria em uma redução absoluta de 6,82% nos
CPV da empresa de água e esgoto. “Assim como acreditamos que as indústrias
paranaenses farão o desconto na conta de energia chegar ao consumidor final, a
redução na tarifa da eletricidade também deveria ser repassada em forma de
descontos aos consumidores da Sanepar”, afirma o presidente da Fiep.
Além disso, a entidade argumenta que, de acordo com os avisos aos
acionistas publicados pela Sanepar, nos dois últimos anos os dividendos
distribuídos pela empresa aos seus sócios privados cresceram 200% em relação ao
período entre 2007 e 2010. “Se agora a empresa não repassar o desconto que terá
na conta de energia para o consumidor, estará apenas maximizando os ganhos dos
sócios da empresa, que é estratégica ao setor produtivo e a todos os
paranaenses, quando deveria ter um cunho social”, diz o texto.
A Fiep questiona ainda o fato de a Sanepar, através de seu conselho de
acionistas, ter solicitado, em janeiro, mais um aumento na tarifa de água e
esgoto, de 10,62%. Esse reajuste, que ainda precisa ser aprovado pelo governo do
Estado, se somaria aos aplicados nos dois últimos anos – de 16% em 2011 e 16,5%
em 2012. “A Fiep está se mobilizando e providenciando estudos técnicos para
rebater e refutar esse aumento e ainda lutar pelo desconto”, diz o ofício. “É
uma prerrogativa do governador sancionar ou não esse novo reajuste”, acrescenta
Campagnolo.
Análise – Segundo Edson Campagnolo, o presidente da Sanepar
afirmou que vai analisar o teor do ofício entregue pela Fiep e dará uma resposta
à entidade. Mas adiantou que o reajuste proposto em janeiro foi deliberado pelos
acionistas e tem como justificativa a recomposição das tarifas da Sanepar, que
ficaram congeladas no período entre 2005 e 2010. Esse congelamento, de acordo
com Hallage, teria inclusive comprometido a capacidade de investimentos da
Sanepar, que só agora está sendo retomada, com um plano de aplicação de R$ 2,12
bilhões até 2015. Hallage também relatou a Campagnolo que, atualmente, a Sanepar
possui a terceira menor tarifa do País no que se refere a consumidores
industriais.
O presidente da Fiep, Edson Campagnolo (à direita), entrega ofício ao presidente da Sanepar, Antonio Hallage
Crédito da foto: Gilson Abreu/Fiep
Nenhum comentário:
Postar um comentário