sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Fiep pede que Sanepar reveja tarifas de água e esgoto

Em ofício, entidade argumenta que descontos na conta de energia elétrica impactarão diretamente nos custos da empresa e devem ser repassados ao consumidor

O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, entregou ao presidente da Sanepar, Antonio Hallage, nesta quinta-feira (14), um ofício em que a entidade pede a revisão das tarifas de água e esgoto no Estado. O documento tem como principal argumento o fato de que a Sanepar será uma das maiores beneficiadas com os descontos de até 30% que estão sendo aplicados nas tarifas de energia elétrica a partir deste mês.

Campagnolo explica que o pedido da Fiep parte do princípio de que a Sanepar é hoje a maior consumidora de energia do Paraná. Atualmente, a energia tem uma participação de cerca de 22% na constituição dos Custos sobre Produtos e Serviços Vendidos (CPV) da Sanepar. Pelos cálculos da Federação, um desconto de 30% na tarifa da eletricidade resultaria em uma redução absoluta de 6,82% nos CPV da empresa de água e esgoto. “Assim como acreditamos que as indústrias paranaenses farão o desconto na conta de energia chegar ao consumidor final, a redução na tarifa da eletricidade também deveria ser repassada em forma de descontos aos consumidores da Sanepar”, afirma o presidente da Fiep.

Além disso, a entidade argumenta que, de acordo com os avisos aos acionistas publicados pela Sanepar, nos dois últimos anos os dividendos distribuídos pela empresa aos seus sócios privados cresceram 200% em relação ao período entre 2007 e 2010. “Se agora a empresa não repassar o desconto que terá na conta de energia para o consumidor, estará apenas maximizando os ganhos dos sócios da empresa, que é estratégica ao setor produtivo e a todos os paranaenses, quando deveria ter um cunho social”, diz o texto.

A Fiep questiona ainda o fato de a Sanepar, através de seu conselho de acionistas, ter solicitado, em janeiro, mais um aumento na tarifa de água e esgoto, de 10,62%. Esse reajuste, que ainda precisa ser aprovado pelo governo do Estado, se somaria aos aplicados nos dois últimos anos – de 16% em 2011 e 16,5% em 2012. “A Fiep está se mobilizando e providenciando estudos técnicos para rebater e refutar esse aumento e ainda lutar pelo desconto”, diz o ofício. “É uma prerrogativa do governador sancionar ou não esse novo reajuste”, acrescenta Campagnolo.

Análise – Segundo Edson Campagnolo, o presidente da Sanepar afirmou que vai analisar o teor do ofício entregue pela Fiep e dará uma resposta à entidade. Mas adiantou que o reajuste proposto em janeiro foi deliberado pelos acionistas e tem como justificativa a recomposição das tarifas da Sanepar, que ficaram congeladas no período entre 2005 e 2010. Esse congelamento, de acordo com Hallage, teria inclusive comprometido a capacidade de investimentos da Sanepar, que só agora está sendo retomada, com um plano de aplicação de R$ 2,12 bilhões até 2015. Hallage também relatou a Campagnolo que, atualmente, a Sanepar possui a terceira menor tarifa do País no que se refere a consumidores industriais.
 O presidente da Fiep, Edson Campagnolo (à direita), entrega ofício ao presidente da Sanepar, Antonio Hallage

Crédito da foto: Gilson Abreu/Fiep

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